Ácido glioxílico: Substância usada em escova progressiva deixa mulher sete dias internada em estado grave
Atualizado em 24/04/2025
Um caso recente reacendeu o alerta para os riscos do ácido glioxílico, substância utilizada em procedimentos de alisamento capilar. A consultora comercial Adrielly Silva, de 32 anos, ficou sete dias internada em estado grave, parte desse período na UTI, após passar por uma escova progressiva que utilizava o produto em Fortaleza – CE.
Segundo o boletim médico, a paciente desenvolveu insuficiência renal grave e precisou realizar três sessões de hemodiálise para estabilizar seu quadro. Os sintomas começaram ainda durante o procedimento, quando Adrielly sentiu queimação no couro cabeludo, náuseas e vômitos. Mesmo acreditando inicialmente se tratar de uma indisposição alimentar, o quadro se agravou e ela acabou internada dias depois, já com os rins comprometidos.
Substância perigosa e não regulamentada
O ácido glioxílico se popularizou no mercado de beleza como alternativa ao formol, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibir seu uso em concentrações acima de 0,2% em procedimentos capilares. Apesar disso, o ácido não é regulamentado pela Anvisa para alisamentos e pode gerar sérios efeitos adversos.
Especialistas alertam que, ao ser exposto a altas temperaturas — como as de pranchas e secadores — o ácido glioxílico pode liberar compostos semelhantes ao formol, aumentando o risco de intoxicação. O urologista Bruno Castelo explica que, ao ser absorvido pelo couro cabeludo, especialmente se houver lesões, o produto pode atingir a corrente sanguínea e causar complicações graves nos rins.
“A impressão é de que, por não ser formol, é seguro. Mas não é. Pode causar lesões no trato urinário, insuficiência renal e necessidade de hemodiálise, como ocorreu com a paciente”, afirma.
A dermatologista Érika Belizário também destaca os perigos.
“O glioxílico, além de liberar gases irritantes, pode provocar reação tóxica sistêmica. Ao menor sinal de sintomas como ardência intensa, náuseas ou odor forte, o procedimento deve ser interrompido e o produto removido imediatamente.”
Recuperação e alerta
Adrielly recebeu alta no dia 21 de abril, mas seguirá em acompanhamento médico para avaliar se os rins voltarão a funcionar normalmente.
“Foi um susto enorme. Nunca imaginei que alisar o cabelo pudesse me levar para uma UTI”, relatou.
O caso serve de alerta para consumidores e profissionais da área de beleza sobre os riscos ocultos em substâncias usadas sem regulamentação, principalmente em procedimentos que expõem o organismo a produtos potencialmente tóxicos.
A Anvisa reforça que apenas produtos devidamente registrados ou notificados podem ser utilizados em procedimentos capilares e recomenda que consumidores exijam informações sobre a formulação e regularização dos produtos antes de qualquer alisamento.
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