Saúde | Anvisa aprova Mounjaro como tratamento para obesidade
Atualizado em 09/06/2025

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou oficialmente o uso de Mounjaro (tirzepatida), da Eli Lilly, para o tratamento da obesidade em adultos. A aprovação foi publicada hoje no Diário Oficial da União, ampliando a indicação do medicamento que até então era voltada exclusivamente ao controle do diabetes tipo 2.
Indicação terapêutica
O Mounjaro passa a ser recomendado para pacientes com:
- IMC ≥ 30 (obesidade), ou
- IMC ≥ 27 com ao menos uma comorbidade associada, como hipertensão, dislipidemia, pré-diabetes, apneia do sono ou colesterol elevado.
A inclusão na bula do medicamento atende à população que já vinha utilizando a tirzepatida de forma off-label, agora com respaldo regulatório oficial.
Evidência clínica
A indicação é respaldada por resultados do programa SURMOUNT, um conjunto de seis estudos de fase 3 envolvendo cerca de 20 mil participantes. Em um dos estudos (SURMOUNT‑1), pacientes sob doses de 10 mg a 15 mg por semana apresentaram perdas de peso de até 22,5% em 72 semanas, enquanto o grupo placebo manteve quase o mesmo peso.
Em estudos comparativos, a tirzepatida superou a semaglutida (Ozempic/Wegovy), com redução de peso até quase 20%, contra cerca de 13% com a semaglutida.
Modo de ação
A tirzepatida combina dois mecanismos hormonais:
- GLP‑1 (peptídeo semelhante ao glucagon‑1): aumenta a produção de insulina, reduz o glucagon, retarda o esvaziamento gástrico e promove sensação de saciedade.
- GIP (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose): estimula insulina e parece potencializar os efeitos metabólicos e de perda de gordura quando ativado junto ao GLP‑1.
Estudos mostraram que a ativação simultânea desses receptores age de forma sinérgica: há maior controle glicêmico, redução do apetite, aumento da saciedade e, possivelmente, elevação do gasto calórico, especialmente com a eliminação de gordura corporal.
Dosagem e administração
O medicamento é disponibilizado em canetas pré-cheias, injetáveis de aplicação subcutânea, administradas 1 vez por semana, nas dosagens de 2,5 mg ou 5 mg (com escalonamento até doses superiores nos demais países).
Faixas de preço no Brasil:
Dosagem | Programa Lilly (e-commerce) | Programa Lilly (loja física) | Preço fora do programa |
---|---|---|---|
2,5 mg (4 canetas) | R$ 1.406,75 | R$ 1.506,76 | R$ 1.907,29 |
5 mg (4 canetas) | R$ 1.759,64 | R$ 1.859,65 | R$ 2.384,34 |
Efeitos adversos e medidas de precaução
Os efeitos colaterais mais frequentes são do tipo gastrointestinal — náusea, vômitos, diarreia — e tendem a diminuir após as primeiras semanas. Também podem ocorrer reações no local da injeção e risco elevado de hipoglicemia quando associada a outros antidiabéticos. Além disso, há necessidade de monitoramento em doses mais altas (10 mg ou mais) devido à prevalência maior de sintomas gastrointestinais e descontinuação do tratamento.
Considerações finais
Com a ampliação da indicação, o Mounjaro passa a integrar oficialmente o arsenal terapêutico no combate à obesidade — uma doença crônica com impacto direto sobre a qualidade de vida e que favorece diversas complicações cardiovasculares e metabólicas. Essa decisão pode favorecer a integração do medicamento em planos de saúde e promover maior acesso ao tratamento.
Apesar da eficácia comprovada, especialistas ressaltam que a tirzepatida deve ser acompanhada por mudanças no estilo de vida — alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e acompanhamento multidisciplinar —, garantindo um tratamento realmente eficaz e seguro.
Fontes
- UOL
- PubMed
- G1
Nossos canais de comunicação:
Deixe um comentário