Jornalista Tania Malheiros lança o livro “Cobaias da radiação”
A jornalista niteroiense Tania Malheiros, lançará seu livro “Cobaias da Radiação – a história não contada da marcha nuclear brasileira e de quem ela deixou para trás”, no dia 31 de maio, na Câmara Municipal de Niterói, no Rio de Janeiro.. O livro está prefaciado pelos jornalistas Cristina Serra e André Trigueiro.
Tania Malheiros recentemente deu entrevista ao programa Café Interativo, da SulMinas TV, falando sobre a indústria nuclear e como os rejeitos dessas usinas são prejudiciais, e muitas vezes, não tem seu descarte feito de modo adequado – inclusive nas imediações de Poços de Caldas.
Cobaias da Radiação
O livro releva com fotos e documentos inéditos a história da primeira instalação industrial nuclear brasileira, a Orquima, no Brooklin, São Paulo, nas décadas de 40 e 50, sucedida pela Usina de Santo Amaro (USAM) da Nuclemon e Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que deixou um rastro de mortos, desaparecidos e doentes. São eles as cobaias da radiação.
Tania conta como a indústria da morte foi criada, como se estabeleceu e fechou, após denúncia que fez em 1990, publicada nos Jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, que resultou em processo movido pela fiscal do Trabalho, Fernanda Giannasi e o Sindicato dos Químicos de São Paulo.
Depoimentos emocionantes de algumas das vítimas e familiares dos operários mortos dão a dimensão do sofrimento e de quanto eles foram enganados pelos empregadores, durante décadas. Foram quatro anos de pesquisas e entrevistas, até a finalização da obra. “O livro se propõe a jogar luz sobre um dos maiores crimes de exploração de mão-de-obra operária ocorrido no Brasil. Espero que possa contribuir para que se faça Justiça”, comenta a autora.
Tania Malheiros
Trabalhou nos jornais O Fluminense, O Globo, Folha de S. Paulo, Agência Estado (AE), O Estado de S. Paulo, entre outros. Pelo Jornal do Brasil ganhou o Prêmio Esso (categoria Reportagem Científica, Tecnológica e Ecológica, em 1997). Autora de três livros, o mais recente, “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear” (2018/Lacre). Parte de sua obra foi lançada pelo Instituto de Análises Estratégicas (ISA), na Alemanha. Desde 2018, faz jornalismo independente em seu Blog.
André Trigueiro
“Uma história que permaneceria desconhecida, fossilizada na linha do tempo, não fosse o interesse da autora em procurar pessoalmente as cobaias da radiação para ouvir os seus relatos, testemunhar suas dores e as terríveis sequelas e mutilações que sofreram. Tania compartilha documentos originais, mapas e fotos que explicitam o absurdo. Os fatos apurados pela jornalista denunciam a irresponsabilidade de sucessivas administrações que negligenciaram a necessária remediação dos danos causados à saúde humana e ao meio ambiente. É inacreditável que esse passivo socioambiental permaneça impune. É inacreditável que qualquer projeto, sob qualquer pretexto, enseje tamanha desumanidade”, escreveu André Trigueiro em seu prefácio.
Cristina Serra
“Era uma história obscura, de tenebrosas transações, e que poucos ganharam muito dinheiro enquanto centenas de operários adoeceram e/ou morreram. Pessoas de suas famílias também foram contaminadas, já que as roupas dos trabalhadores eram lavadas em casa. Ainda hoje, os trabalhadores lutam na Justiça para ter direito a um plano de saúde que lhes garanta uma assistência minimamente decente. (…) a Orquima deixou um enorme passivo ambiental em estoques de material radioativo sujeitos à ação do tempo e do descaso. O relato sobre a indústria da morte é um capítulo vergonhoso e revoltante da história da energia nuclear no Brasil. Tania Malheiros reconstitui com obstinação e rigor, um crime de lesa-humanidade. E crimes de lesa-humanidade não prescrevem. Seu livro é um pungente libelo por Justiça”, escreveu a jornalista Cristina Serra em seu prefácio.
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