Reunião do Codema Decide Futuro da Exploração de Terras Raras no Sul de Minas
Atualizado em 05/03/2025

A reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) de Caldas, marcada para a próxima quinta-feira, 6 de março, será um momento decisivo para a possível autorização da exploração de terras raras no município. Serão apresentadas 19 condicionantes aprovadas na audiência popular de 27 de fevereiro, um conjunto de exigências que visa proteger o meio ambiente e os direitos da população local. O documento será encaminhado a órgãos como o Ministério Público, a Presidência da República e parlamentares federais e estaduais.
Exigências da Comunidade para a Mineração
O evento, organizado pela Aliança em Prol da APA da Pedra Branca, reuniu moradores, especialistas e representantes políticos, que definiram 19 condicionantes inegociáveis para qualquer aprovação municipal do empreendimento. A principal preocupação é impedir que o projeto cause danos ambientais irreversíveis e impacte negativamente a qualidade de vida da população.
As condicionantes estabelecidas são:
- Criação de uma zona de exploração exclusiva, proibindo a mineração de terras raras fora dessa área.
- Proibição da circulação de caminhões com argila nas estradas municipais, reduzindo impactos na infraestrutura e no meio ambiente.
- Proibição do fornecimento de argila por outras empresas para a central de beneficiamento da Meteoric.
- Permissão de apenas uma cava de extração aberta por vez, limitando os impactos ambientais simultâneos.
- Monitoramento da argila processada e devolvida às cavas por pelo menos 20 anos, garantindo a proteção das águas, solo e ar, aliado a um plano de restauração vegetal.
- Proibição do uso das terras raras extraídas em Caldas para a indústria bélica, permitindo sua aplicação apenas para a transição energética.
- Criação de uma Política Municipal de Uso Estratégico da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), assegurando que os royalties da mineração beneficiem a cidade.
- Estabelecimento do “Polo Tecnológico de Transição Ecológica”, voltado à geração de empregos qualificados na região.
- Obrigação da empresa em criar um fundo financeiro para a execução do PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) e do PAFEM (Plano de Fechamento de Mina).
- Garantia de Consulta Livre, Prévia e Informada às comunidades indígenas e quilombolas, conforme a Convenção nº 169 da OIT.
- Garantia de direitos aos trabalhadores da mineração, incluindo moradia, lazer e integração à cidade, além da criação de uma comissão de negociação trabalhista.
- Formação de uma comissão independente para acompanhar e fiscalizar as atividades da empresa, com acesso às informações sobre produção e impactos ambientais.
- Exigência de ações de mitigação de impactos e recuperação ambiental durante toda a vida útil da mineração, e não apenas ao final do empreendimento.
- Obrigação da empresa em realizar ações sociais adicionais, com repasse direto para fundos municipais de meio ambiente, cultura e assistência social, sem uso como ferramenta de marketing corporativo.
- Realização de estudos independentes sobre os impactos das barragens da INB e rejeitos armazenados, devido ao transporte de argila dentro da empresa.
- Estudos independentes sobre a argila lixiviada/lavada armazenada provisoriamente, para evitar a formação de uma nova barragem de rejeitos.
- Estudos sobre alternativas locacionais para o empreendimento, considerando riscos ambientais e sociais.
- Proibição da exploração de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e restauração das APPs já degradadas.
- Proibição do uso de água das barragens da INB no processamento da argila iônica, ampliando a área de proteção da empresa.
Impactos e Riscos do Projeto
A exploração de terras raras proposta pela Meteoric é uma iniciativa inédita no Ocidente, mas levanta preocupações ambientais e geopolíticas. A China domina a tecnologia de extração e beneficiamento desses minerais, e a falta de experiência do Ocidente na área gera questionamentos.
Além disso, a mineração traz um grande desperdício de material. Para cada tonelada de argila processada, apenas 1,5 kg de carbonato de terras raras são obtidos — um pó branco destinado a cadeias produtivas distantes, enquanto os resíduos químicos permanecem no local. Isso significa que o impacto ambiental fica para Caldas, enquanto os benefícios econômicos são direcionados para fora da região.
A comunidade exige transparência e garantias ambientais e sociais antes de qualquer aprovação do projeto. A reunião do Codema no dia 6 de março será um passo crucial para definir o futuro da exploração de terras raras no município e seu impacto na vida da população.
Fontes: Com informações de CODEMA, APA e Brasil de fato.
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