Ordem do Dia 24/06/25
Atualizado em 24/06/2025
Há uma pergunta que ainda não foi feita. Tampouco respondida: por qual razão o Ocidente tolera a capacidade nuclear da Coréia do Norte e não aceita a do Irã?
O regime coreano do Norte não parece menos perigoso, ou menos radical, que o dos mulás e aiatolás xiitas do Irã.
Entretanto, um deles tem armamento nuclear comprovado, testa frequentemente mísseis balísticos, aptos a transportar bombas atômicas.
O outro, por sua vez, teria uma “futura provável” capacidade nuclear. Mas causa mais temores e provoca reações bem mais enérgicas e violentas, por parte das forças ocidentais.
A resposta fácil seria: “por causa da proteção da China à Coreia do Norte”. Aliado ao fato da resposta nuclear advinda da própria Coréia. Sim, de fato. Isso teria um peso enorme. Mas se encerra aí?
Certamente não.
Afinal, ao fim e ao cabo, o Ocidente permitiu o desenvolvimento nuclear da Coreia do Norte, sem maiores crises.
Haveria centenas de razões, mais ou menos complexas, tecidas ao longo da história. E outras explicações de ordem política comportamental e geopolítica, mais modernas. Mas todas relativas, parciais e com grande potencial enganoso.
Daí viria a hipótese presente: o perfil político atual dos líderes dos países envolvidos na trama. Têm o peso do momento.
Pode-se dar um exemplo rápido: alguém consegue imaginar a Segunda Guerra sem personagens como Hitler, Mussolini, Stálin, Churchill ou Roosevelt? Parece muito difícil.
Eis o busílis.
Embora as pessoas, vistas individualmente, pareçam frágeis e patéticas, às vezes absurdas, condições objetivas mudam tudo. Quais sejam: os arranjos do poder. Muitas vezes fugazes. Outras, catastróficas. Mas que colocam certas pessoas, com certas personalidades, em determinados lugares. Tudo isso temperado pelo sabor do acaso. E não haveria analista capaz de sopesar essa receita.
Temos, neste momento, malfeitores e criminosos do calibre de Trump, Netanyahu e Khamenei exercendo o poder.
Uma escória política militante, condenada, principalmente, pelos tribunais morais da humanidade. Mas decidindo pela vida ou pela morte de milhares, talvez milhões de pessoas.
Infernal.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: moc.liamg @oatsegsuirp.erednaocram
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