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Desafios Mortais na Internet: A Ameaça Silenciosa para Crianças e Adolescentes; Descubra os Mais Comuns e Como Proteger Seus Filhos

Atualizado em 10/07/2024

Desafios da Internet | Foto: Techtudo.

Desde 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem considerado os “jogos perigosos” (hazardous games, em inglês) como um distúrbio comportamental listado na Classificação Internacional de Doenças (CID). Essas “brincadeiras” colocam em risco a segurança e a vida de crianças e adolescentes. A preocupação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é com a multiplicação de desafios perigosos propostos em jogos na internet.

Na tela grande ou na tela menor, o perigo tem o mesmo tamanho para crianças e adolescentes. Além da pedofilia, os jogos virtuais são outro alvo de preocupação no mundo inteiro. Em alguns aplicativos, a moda é lançar desafios. Alguns inocentes, mas, muitas vezes, as metas impostas por quem está do outro lado da tela são criminosas.

“Eles vão de desafios de dancinha, que a gente tem dentro das plataformas, até desafios que a gente chama de não oxigenação ou de agressão, e que podem trazer sequelas para as crianças e até acidentes fatais, como a gente já tem cerca de 52 casos no Brasil. O que acontece com a internet é que um desafio que antes poderia estar concentrado somente em grupo específico, ele agora aparece de forma disseminada na casa dos milhões”, explica Fabiana Vasconcelos, psicóloga do Instituto Dimicuida.

A Sociedade Brasileira de Pediatria alerta que é preciso conversar sobre limites na internet para usuários que ainda não chegaram à idade adulta. Segundo a nota, é necessário apontar perigos e cobrar responsabilidades para o que se apresenta como uma brincadeira, mas na verdade não é. A proposta de desafios perigosos nas redes, como a própria entidade os intitula, é estimular a prática de comportamentos de risco e autoagressivos, muitas vezes sob a falsa impressão de atitude inofensiva ou até mesmo de brincadeira. Para os pediatras, como a maioria desses desafios convida à agressão física ou psíquica, eles devem ser considerados violência e crime.

A SBP cita pesquisas observacionais da internet realizadas nos Estados Unidos, na França e no Brasil que descreveram mais de 100 maneiras de nomear esses desafios. Os padrões de comportamento de risco mais frequentemente identificados entre os adolescentes são: práticas de sufocamento, asfixia ou apneia; práticas de autoagressão ou heteroagressão; e ações como o uso de pílulas mágicas com teor desconhecido de pó branco ou colorido, jantares com detergentes como bebidas e pastilhas de sabão como refeição, engolir chips e bolinhas magnéticas e dangerous selfies, dentre outras.

Entre as recomendações da entidade para evitar fatalidades entre crianças e adolescentes está a atualização da comunidade médica, especialmente dos pediatras, para que possam orientar, durante as consultas, sobre prevenção dos riscos e segurança online.

“Também é fundamental a conscientização sobre riscos on-line para os educadores escolares, psicólogos e profissionais da área de saúde mental que trabalham com crianças e adolescentes em diferentes comunidades e circunstâncias”, avalia a SBP.

A entidade ressalta ainda que os pais são responsáveis legais e morais pelos cuidados dos filhos e que precisam estar presentes na supervisão das atividades deles nas redes digitais, com regras claras na convivência diária sobre segurança, privacidade, bloqueio de mensagens inapropriadas, violentas ou discriminatórias, que possam causar danos físicos ou mentais, e com a orientação para a não prática de desafios.

“Em uma sociedade em que a força do corpo e do poder faz parte da cultura, assim como testar os próprios limites como prova de coragem sem medir as consequências do perigo reflete uma atitude peculiar na adolescência, precisamos estar mais alertas na análise dos ‘desafios perigosos’ e das consequências dos ‘jogos mortais’.”

O alerta aponta quatro responsáveis e faz recomendações:

  • Aos pais: saibam o que os filhos estão assistindo e não deixem crianças isoladas no quarto jogando um videogame sem saber como funciona
  • Às escolas: trabalhem com os alunos regras de segurança e de privacidade.
  • Às grandes empresas de tecnologia (bigtechs): bloqueiem influenciadores negativos que ameacem a integridade física ou mental.
  • Ao governo: crie políticas públicas de regulamentação e de proteção social da criança e do adolescente.

“Estamos vendo todo tipo de problema físicos, e também mentais e comportamentais. É um problema de saúde pública, sim. Temos atualmente mais de 26 milhões de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos que usam a internet – dados do comitê gestor da internet”, conta Evelyn Eisenstein, coordenadora do grupo de trabalho Saúde na era digital.

Psicóloga e colunista do Estadão, Rosely Sayão ainda explica que é importante diferenciar a vigilância entre crianças e adolescentes, que demandam um monitoramento mais “discreto”.

“O ideal é fazer um trato de que ele vai usar o celular e as redes sociais, mas ciente de que os pais depois vão ver o que foi feito”, ressalta. “Essa atitude já é um controle e pode fazer com que eles evitem algumas coisas.”

Rosely frisa ainda que, acima de tudo, é importante que os pais não confiem nos filhos.

“Tanto a criança quanto o adolescente vão agir de acordo com a idade que têm e desobedecer, se rebelar etc.”, aponta. “É o contrário que precisa acontecer: os filhos que precisam confiar nos pais, para dividirem as dúvidas com eles.”

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A Sulminas TV compilou os 12 desafios da Internet mais comuns e perigosos:

  1. Baleia Azul
    Este é um desafio que incita à automutilação e ao suicídio e que, em Portugal, levou há meses uma jovem em estado grave ao hospital. A jovem, de 18 anos, foi encontrada com ferimentos junto a uma linha férrea depois de se ter atirado de um viaduto no Algarve. Numa das pernas, a jovem ucraniana tinha escrito com uma navalha a palavra “sim”, cumprindo uma das 50 tarefas do jogo. A última é o suicídio. “Baleia Azul” dá o nome ao desafio devido ao comportamento suicida destes animais. O desafio preocupou a comunidade internacional devido ao número de mortes causado.
  2. O Desafio da Canela
    Este jogo é antigo, mas parece que ainda não morreu. O objetivo é que as pessoas engulam uma colher, ou mais, de canela, sem beberem água. O problema é que este desafio pode dar origem a sérios problemas respiratórios e de garganta. Há até registro de mortes por asfixia devido à prática deste jogo.
  3. Surfar em Cima do Carro
    Fazer surf no mar já comporta alguns riscos para quem não tem prática, agora imagine-se a surfar em cima de um carro em andamento. Sim, este é mesmo um desafio da internet entre os jovens e, embora não seja dos mais populares, também já tirou a vida a algumas pessoas.
  4. O Desafio da Água Fria
    Lembra-se do Ice Bucket Challenge? Aquele em que se despejava um balde de água com gelo em cima da cabeça e que, inclusive, várias celebridades cumpriram? Este é parecido. O desafio da água fria é feito quando alguém mergulha em águas geladas, correndo o risco de hipotermia e outras doenças ou até mesmo afogamento.
  5. Jogo do Fogo
    Aqui, o perigo continua presente. Em vez de águas geladas, os jovens despejam líquidos inflamáveis pelo corpo e incendeiam-nos. Os riscos são óbvios, mas parece que ainda há quem não perceba isso.
  6. Kylie Lip Challenge
    Este desafio foi muito popular entre a comunidade feminina, cujo resultado era provocar nas jovens uma boca parecida à de Kylie Jenner, do clã Kardashian. Para isso, com um copo de shot, colocam-no à volta da boca e sugavam todo o ar enquanto conseguiam. Artificialmente, os lábios acabavam por insuflar devido à pressão. Os resultados não eram, muitas vezes, o que se esperava, tornando-se, além disso, perigosos.
  7. Desafio do Preservativo
    Encher um preservativo com água como se de um balão se tratasse, dar-lhe um nó, e fazê-lo cair sobre a cabeça, cobrindo-a totalmente ao estilo capacete pode parecer uma coisa divertida de gravar e partilhar nas redes sociais, mas também pode ser muito perigoso. Desde o rebentamento à asfixia, as ameaças que este jogo apresenta são várias.
  8. Inalar Coisas
    Os jovens estão a desafiar outros a inalarem os mais variados objetos pelo nariz, tirando-os depois pela boca. Utilizam desde preservativos a balões, tudo parte da originalidade. E também o desafio da inalação de desodorante. O “desafio do desodorante” consiste em uma competição para ver quem consegue inalar a maior quantidade e por mais tempo o aerossol presente nos produtos. A corrente tem viralizado nas redes sociais, especialmente entre crianças e adolescentes. Os riscos são evidentes: asfixia, problemas na garganta, nariz ou boca e morte.
  9. O Desafio do Estrangulamento
    Este jogo envolve dois jovens, sendo que um deles estrangula o outro, para reduzir os níveis de oxigênio no cérebro até levar ao desmaio. É filmado e partilhado nas redes sociais. É um desafio que não é novo, levou a várias mortes.
  10. Sal e Gelo
    Outro dos desafios mais perigosos é o do sal e do gelo. Os jovens colocam sal e cubos de gelo nas mãos e fecham-nas com força. O jovem que aguentar mais tempo a dor, vence o jogo. O problema é que o desafio pode deixar queimaduras de segundo e terceiro grau.
  11. Desafio da rasteira
    Nele, três pessoas ficam uma ao lado do outra, e quando o do meio pula quem está na extremidade tenta dar uma rasteira e pegar aquele que saltou ainda no ar. E, claro, o perigo está exatamente no que essa rasteira pode provocar, já que a pessoa tende a cair de cabeça ou de costas no chão. O impacto pode causar graves acidentes e inclusive levar a óbito conforme a pancada.
  12. Desafio da cera quente
    Por fim, vamos fechar essa lista com um caso que fez bastante sucesso entre adolescentes: o desafio da Cera quente que pode ser usada para depilação, mas de forma controlada e feita apenas por profissionais. Muito se fala sobre procedimentos envolvendo depilação com cera quente. Em 2021, uma barbearia localizada na Holanda mostrou um procedimento de depilação facial utilizando cera quente, e não demorou muito para que ele viralizasse e rendesse 800 mil seguidores para a conta no TikTok. Em muitos vídeos publicados pelos usuários da plataforma, é possível ver pessoas cobrindo o rosto com cera quente. Porém, vários dermatologistas alertaram para os perigosos que isso poderia trazer para a pele. Além disso, o produto acumulado no rosto poderia provocar asfixia, bem como queimaduras na pele e outros problemas.

Dicas para Pais e Responsáveis: Como Abordar e Prevenir os “Jogos Perigosos”

Confira algumas dicas de como pais e responsáveis podem abordar esse problema e prevenir os “jogos perigosos”:

1. Alerta sobre os Desafios Existentes: Explique quais são os desafios perigosos que circulam na internet e os riscos que eles representam.
2. Converse sobre Pressão Social: Oriente seus filhos sobre como lidar com a pressão dos amigos e a importância de não se deixar influenciar.
3. Supervisão Constante: Não deixe crianças ou adolescentes sozinhos e trancados no quarto jogando videogames online. A supervisão é fundamental.
4. Conheça Quem Está do Outro Lado da Tela: Procure saber com quem seus filhos interagem online e qual é o conteúdo compartilhado.
5. Fique Atento ao Conteúdo dos Jogos: Monitore os jogos que seus filhos jogam e o conteúdo que é disseminado por meio deles.
6. Estabeleça Regras e Horários: Defina horários e regras claras para o uso da internet e dos videogames.
7. Espelhe o Conteúdo do Celular: Se necessário, espelhe o conteúdo do celular em uma TV para monitorar as atividades online.

Por Que os Desafios Atraem os Jovens?

1. Emoção do Risco: A adrenalina e a emoção de correr riscos são atrativas para muitos jovens.
2. Curiosidade e Aventura: Jovens são naturalmente curiosos e buscam novas aventuras.
3. Sentimento de Pertencimento: Participar desses desafios pode fazer com que se sintam parte de um grupo, já que seus colegas também estão fazendo.
4. Popularidade: Eles recebem mais atenção, curtidas, visualizações ou comentários, aumentando a sensação de popularidade.
5. Pressão Social: Se todo mundo está fazendo, parece ser aceitável.
6. Facilidade de Execução: Muitos desafios envolvem objetos comuns encontrados em casa e exigem poucas habilidades.

Como Lidar com Avisos de Desafios Suicidas?

1. Não Divulgue o Desafio: Se seu filho ainda não ouviu falar sobre um desafio suicida, não conte a ele. Isso pode aumentar a curiosidade e a tentação.
2. Encaminhe para Ajuda: Lembre seu filho de que ele pode pedir ajuda a você ou a outro adulto de confiança se ficar preocupado com algo que vê online.
3. Ensine a Denunciar: Instrua seu filho a denunciar conteúdos perturbadores ou preocupantes às plataformas usadas. Ajude-o nesse processo se necessário.
4. Verifique Configurações de Privacidade: Certifique-se de que as configurações de privacidade dos aplicativos estão definidas corretamente e ajuste os controles dos pais para filtrar conteúdo inadequado.
5. Converse Regularmente: Continue dialogando com seu filho sobre suas atividades online. Ajude-o a construir amizades seguras e a encontrar maneiras seguras de se divertir e correr riscos apropriados.

Alerta Final

Nunca repita desafios perigosos da internet. Por mais que possam parecer legais ou inofensivos, sempre existe a chance de colocar você ou alguém de quem gosta em perigo. Muitas vezes, o resultado dessas brincadeiras é irreversível.

Proteja seus filhos, esteja presente e orientado para evitar tragédias.



 

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