Desigualdade de Gênero no Brasil: Mulheres ganham 21% menos que homens, com disparidade ainda maior em áreas intelectuais
Mulheres ganham só 79% do rendimento dos homens
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 8, Dia da Mulher, um estudo revelador sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho e na sociedade em geral. Mesmo com níveis mais elevados de escolaridade, as mulheres ainda enfrentam uma disparidade salarial significativa em relação aos homens. Em média, as mulheres ganham 21% menos do que os homens, com a desigualdade mais pronunciada em áreas científicas e intelectuais, onde a diferença salarial chega a 36,7%. Enquanto o brasileiro recebe, em média, R$ 2.920 mensais, a brasileira ganha R$ 2.303.
Em 2022, apenas 21,3% das mulheres com 25 anos ou mais possuíam ensino superior, em comparação com 16,8% dos homens na mesma faixa etária. No entanto, a presença feminina nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (CTEM) ainda é significativamente menor do que a dos homens, representando apenas 22% dos formandos nesses campos.
A desigualdade também se manifesta de maneira mais acentuada entre as mulheres pretas ou pardas, que enfrentam maiores dificuldades de acesso ao ensino superior e apresentam menor participação na força de trabalho em comparação com as mulheres brancas. Além disso, as mulheres enfrentam obstáculos significativos para ascender a cargos de liderança, ocupando apenas 39% dessas posições em relação aos 61% ocupados pelos homens.
Um fenômeno interessante observado é que as mulheres encontram maior remuneração em setores tradicionalmente dominados por homens, como Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura. No entanto, essa remuneração mais elevada muitas vezes reflete a necessidade de as mulheres serem excepcionalmente qualificadas para ingressar nessas áreas, evidenciando a persistência das barreiras de gênero.
Mulheres fazem o dobro de trabalho doméstico
O estudo do IBGE também mostra que as mulheres seguem fazendo muito mais trabalho doméstico do que os homens: são 21,3 horas semanais, quase o dobro do que é dedicado por eles (11,7 horas).
A maior diferença é no Nordeste: 23,5 horas de mulheres ante 11,8 dos homens.
A carga total de trabalho das mulheres ao somar o emprego remunerado e os afazeres em casa – a famosa jornada dupla – também é maior que a dos homens (54,4 horas semanais para elas ante 52,1 para eles),
“A mulher está o dia inteiro no trabalho. Os dados que a gente traz, inclusive, subestimam essa carga horária”, afirma a coordenadora do estudo.
O maior tempo de carga total foi observado nas mulheres do Sudeste – 55,3 horas semanais.
Um estudo global sobre longas jornadas de trabalho, da Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que trabalhar 55 horas ou mais por semana está associado a um risco 35% maior de AVC (acidente vascular cerebral) e 17% maior de morrer de doença cardíaca.
Participação no mercado segue menor e abaixo do pré-pandemia
A maior dedicação ao trabalho de cuidado e doméstico impacta também na inserção no mercado de trabalho – o nível de ocupação das mulheres adultas (entre 25 e 54 anos) que vivem em casas com crianças de até 6 anos é inferior (56,6%) à das que vivem em lares sem (66,2%).
Entre os homens acontece o inverso: em domicílios com crianças de até 6 anos, 89% de homens adultos estão ocupados, contra 82,8% das casas sem crianças.
Com isso, a taxa de participação das mulheres acima de 15 anos no mercado de trabalho segue inferior à dos homens (53,3% ante 73,2%), e ainda inferior ao patamar de 2019, pré-pandemia (55,4% ante 75,2%).
Das inseridas no mercado, 28% estavam em trabalhos de tempo parcial (de até 30 horas semanais) – quase o dobro (14,4%) do verificado entre os homens. E a informalidade também é maior entre as mulheres (39,6%) do que entre os homens (37,3%).
A pesquisadora do IBGE diz que não é possível esperar uma “grande revolução” no pensamento dos homens, mas, sim, políticas públicas que tornem a carga de trabalho mais igualitária, como licenças iguais de paternidade e maternidade e escolas públicas com oferta de período integral.
Fonte: Com informações de G1 e IBGE
Mantenha-se informado!
Participe do Grupo de Notícias da SulMinas TV no seu WhatsApp. Enviaremos conteúdos relevantes e em primeira mão para você!
Clique aqui 👈🏼
Deixe um comentário