Reajustes nos planos de saúde em 2024 devem impactar bolso de beneficiários
No Cenário Econômico da última quarta-feira (3), Leandro Resende, CEO da Hapvida, discute os reajustes previstos nos planos de saúde para 2024, projetando percentuais entre 20% e 25%. A principal preocupação é o impacto financeiro que isso acarretará para os beneficiários.
Situação Atual e Perspectivas para 2024
Os planos de saúde empresariais, representando 70% do setor, enfrentarão um reajuste médio de 25% em 2024, quatro vezes a inflação geral. Um levantamento da consultoria Aon revela uma variação de 14% no custo médico em 2023, semelhante ao ano anterior.
O aumento de valores segue a tendência do ano anterior, sendo o maior desde 2018. Isso pode ser atribuído a preços anteriormente incompatíveis com despesas médicas, levando as operadoras a aplicarem aumentos expressivos.
Cenário de 2021 e Desafios Enfrentados
Em 2021, ocorreu um reajuste negativo devido aos preços otimistas durante a pandemia de Covid-19, resultando em um influxo de usuários com descontos. Entretanto, o setor teve um aumento de cerca de 1,3 milhão de novos usuários no ano seguinte, gerando um prejuízo operacional de aproximadamente R$ 10 bilhões.
Nos primeiros nove meses de 2023, houve um acréscimo de 750 mil novos clientes, mas o prejuízo operacional persiste, alcançando R$ 5,1 bilhões.
Reajustes e Desempenho das Operadoras
No ano passado, várias operadoras, como Bradesco Saúde, NotreDame/Intermédica, Amil, entre outras, aplicaram reajustes significativos, variando de 16,70% a 27,15%, para contratos com menos de 30 vidas.
Evolução do Mercado e Tendências Futuras
O Brasil encerrou o ano passado com 50,8 milhões de planos de saúde ativos, sendo 35,8 milhões na modalidade empresarial. O aumento notável ocorreu nos planos voltados para pequenas e médias empresas, com contratos de até cinco vidas apresentando um aumento de 75% desde 2020.
Estudo do Idec e Crescimento das Reclamações
Um estudo do Idec mostra que nos últimos cinco anos, as mensalidades dos planos individuais cresceram 35,41%, enquanto os planos coletivos apresentaram aumentos substanciais, chegando a 82,36%.
As reclamações de usuários cresceram 49,7% nos primeiros dez meses de 2023, com um pico em agosto, totalizando 36.799 notificações. A ANS destaca que reclamações assistenciais representam 82,7% das notificações.
Desafios e Perspectivas Futuras
O Índice Geral de Reclamações aponta um aumento significativo nas insatisfações dos usuários com os planos de assistência médica nos últimos anos, refletindo a necessidade de melhorias no setor.
Tipos de Planos de Saúde e suas Características
-Entenda a diferença entre o plano de saúde individual e coletivo
Os planos de saúde no Brasil podem ser classificados em dois tipos principais: individuais/familiares e coletivos. Os planos individuais ou familiares são regulamentados e têm seus reajustes anuais limitados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Já os planos coletivos, que incluem os empresariais e por adesão, geralmente são negociados entre empresas ou entidades e as operadoras, sem um teto de reajuste estipulado pela ANS, o que pode resultar em aumentos mais elevados e – muitas vezes – abusivos.
-Plano de Saúde Individual/Familiar
Os planos de saúde individuais ou familiares são regulamentados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que define um teto para os reajustes anuais.
Este limite é calculado com base em uma metodologia que leva em conta a variação de preços de despesas assistenciais e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), garantindo que os aumentos não sejam excessivos e protegendo assim os consumidores.
Além disso, esses planos também estão sujeitos a reajuste por mudança de faixa etária, que ocorrem quando o beneficiário completa anos de idade e atinge uma nova faixa etária. As regras para estes reajustes são estabelecidas para proteger especialmente os beneficiários mais idosos de aumentos excessivos.
-Planos Coletivos
Os planos coletivos, sejam empresariais ou por adesão, são mais comuns no mercado brasileiro e geralmente oferecem preços iniciais mais acessíveis. No entanto, eles tendem a ter reajustes anuais mais elevados devido à menor regulação pela ANS e à liberdade de negociação entre as partes. E é aqui que mora o perigo.
-Plano de Saúde Empresarial
Os planos de saúde empresariais são oferecidos por empresas a seus funcionários ou são contratados por pequenos e médios empreendedores. A ANS não estabelece um limite para os reajustes anuais nesses planos, deixando a negociação dos aumentos a cargo das empresas contratantes e das operadoras de planos de saúde. Além dos reajustes anuais, esses planos também podem sofrer ajustes devido à sinistralidade, que se refere ao uso dos serviços de saúde pelos beneficiários do plano.
-Plano de Saúde Coletivo por Adesão
Os planos coletivos por adesão são contratados por meio de associações, sindicatos ou entidades de classe. Assim como os planos empresariais, eles não estão sujeitos ao teto de reajuste definido pela ANS para os planos individuais/familiares.
Geralmente, os aumentos são negociados diretamente entre a entidade organizadora e a operadora do plano.
Esses planos podem ser mais suscetíveis a reajustes altos, uma vez que não são limitados pelos critérios da ANS, podendo resultar em aumentos significativos para os consumidores.
São muitas vezes criticados por sua falta de transparência e por potencialmente impor aumentos abusivos aos consumidores.
Considerações Finais: Transparência e Desafios do Setor
Os desafios enfrentados pelo setor de planos de saúde, como reajustes expressivos, aumento das reclamações e falta de transparência, destacam a necessidade de medidas para garantir a sustentabilidade e satisfação dos beneficiários no futuro.
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