A Prefeitura de Poços de Caldas teve seu pedido de corte de 47 árvores e transplante de outras 16 na Avenida João Pinheiro negado pela Justiça. A decisão, proferida pelo juiz Carlos Alberto Pereira da Silva, da 4ª Vara Cível, ocorreu devido à ausência de documentos que comprovassem a necessidade dos cortes. O laudo apresentado pela administração municipal foi considerado “não tecnicamente confiável e sem metodologia aferível”.

O magistrado fundamentou sua decisão no parecer técnico do Ministério Público, que criticou a falta de dados técnicos robustos no laudo de vistoria. O parecer também apontou a ausência de avaliação de medidas alternativas à substituição das árvores analisadas. Em consequência, o juiz indeferiu o pedido de corte, ressaltando que a decisão foi motivada pela falta de embasamento técnico.

O episódio se desenrola em meio a cortes de árvores na região da Avenida João Pinheiro, no início deste ano. Manifestantes, em protesto, chegaram a instalar cerca de 100 cruzes simbolizando a morte das árvores, enquanto em outras ocasiões, abraçaram troncos para impedir a retirada, sem sucesso diante do retorno dos trabalhadores.

Um manifesto assinado por 20 organizações, movimentos e instituições exigiu a suspensão dos cortes até a apresentação de novos documentos pela prefeitura e a realização de uma audiência para discutir a questão. A prefeitura inicialmente afirmou que seriam cortadas 70 árvores devido a problemas de segurança, mas críticos questionaram esse número, alegando que a administração já havia cortado um volume maior.

O embate ganhou força com a divulgação de um relatório da Secretaria de Serviços Públicos, de outubro do ano anterior, indicando a possível retirada de mais de 240 árvores da avenida. O professor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade de São Paulo (USP) contestou um laudo utilizado pela prefeitura, concluindo que não era suficiente nem seguia as especificações corretas para justificar os cortes.

Redução de Árvores e Espaços Verdes Afeta Microclima, Fauna, Qualidade de Vida e a Saúde da População

A diminuição do número de árvores e áreas verdes não apenas afeta o cenário urbano, mas também compromete a manutenção do microclima, a biodiversidade e a capacidade natural de filtrar materiais tóxicos no ambiente. Este declínio tem repercussões diretas na qualidade de vida dos habitantes.

A ausência de árvores e espaços verdes nas cidades não é apenas estética, mas pode influenciar indicadores socioeconômicos, como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Bairros com maior presença de vegetação apresentam IDHM mais elevado, sugerindo uma correlação entre a presença de áreas verdes e o bem-estar da comunidade.

A engenheira ambiental Mariana Cardoso alerta para as consequências preocupantes dos cortes de árvores na Avenida João Pinheiro. Segundo ela, a falta de arborização gera um “microclima muito pesado”, intensificando a sensação de calor em Poços de Caldas.

Árvores desempenham um papel crucial no controle do clima, da umidade relativa do ar e na redução da poluição. Com o corte de um grande número delas, perdem-se esses benefícios essenciais. A engenheira ressalta que as árvores influenciam diretamente no clima, tornando vias sem sombras mais difíceis de transitar durante períodos de calor intenso.

Diante desse cenário, Mariana Cardoso destaca que além dos benefícios ecológicos, há impactos econômicos e emocionais positivos, citando estudos que indicam que cidades arborizadas promovem maior felicidade e tranquilidade entre os habitantes em comparação com ambientes urbanos predominantemente de concreto.

Este dilema destaca a importância de estratégias urbanas sustentáveis, enfatizando não apenas a estética, mas também os benefícios ambientais e sociais proporcionados por árvores e espaços verdes. O equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a preservação ambiental torna-se crucial para garantir um futuro mais saudável e resiliente para as cidades e seus habitantes.

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