Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes ; Saiba os Indicadores
Em entrevista à Sulminas TV, nesta sexta-feira (17), Ana Lobo, Presidente do Conselho da Criança (CMDCA) destacou a importância da vigilância de crianças e adolescentes e informou que um conjunto de indicadores deve ser observado atentamente.
De uma hora para outra, a criança que ia bem na escola começa a tirar notas baixas ou deixa de brincar com os amigos, tornando-se mais introspectiva. Se for pequena, pode voltar a usar fraldas ou demonstrar pavor ao se aproximar de algum parente. Esses são alguns sinais de que uma criança ou adolescente pode estar sofrendo violência ou abuso sexual. Infelizmente, muitos desses casos permanecem ocultos dentro dos lares, quando poderiam ser evitados.
“Geralmente, não é um sinal só, mas um conjunto de indicadores. É importante ressaltar que a criança deve ser levada para avaliação de um especialista caso apresente alguns desses sinais,” diz Ana Lobo em entrevista exclusiva à Sulminas TV.
SINAIS DE ABUSO
Mudança de Comportamento
Um dos primeiros sinais de alerta é a mudança abrupta no comportamento da criança. Esse fenômeno, conforme aponta a educadora sexual Maria Helena Vilela do Instituto Kaplan, pode se manifestar como medo repentino do escuro, de ficar sozinha ou perto de determinadas pessoas, mudanças extremas de humor, ou até mesmo agressividade inesperada. Essas mudanças podem indicar uma tentativa da criança de pedir ajuda, especialmente se ocorrerem em relação a uma pessoa específica, geralmente um membro da família.
Proximidade Excessiva
Além da rejeição ao abusador, uma proximidade excessiva também deve ser observada com cautela. A história trágica do técnico de futebol Fernando Sierra e do garoto Felipe Romero, citada como exemplo, evidencia como essa proximidade pode mascarar intenções abusivas. No Reino Unido, dados do NHS indicam que 40% dos abusos são cometidos por menores de idade da mesma família, e 90% dos abusadores são familiares.
Regressão
A regressão a comportamentos infantis, como fazer xixi na cama ou chupar o dedo, pode ser um sinal de abuso. Outras manifestações incluem isolamento social, desconfiança em relação aos amigos e aversão ao contato físico. A psicóloga Heloísa Ribeiro da ONG Childhood Brasil alerta que essas mudanças podem ser um pedido de ajuda não verbal.
Segredos e Manipulação
Abusadores frequentemente usam ameaças e chantagens para manter o silêncio da vítima. Presentes e outros benefícios materiais são comumente empregados para manipular a criança. É crucial que crianças entendam que segredos mantidos com adultos não devem ser escondidos dos pais ou responsáveis.
Alterações de Hábito
Mudanças repentinas nos hábitos da criança, como falta de concentração na escola, alteração na alimentação e descuido com a aparência, são sinais de alerta. A nadadora Joanna Maranhão relatou que, após sofrer abuso, adotou uma aparência masculina para evitar novas agressões. Mudanças no padrão de sono, como pesadelos frequentes, também podem indicar problemas.
Comportamentos Sexuais Inapropriados
Desenhos com conteúdo sexual, brincadeiras inadequadas e o uso de termos incomuns para partes íntimas são indicativos de que uma criança pode estar sofrendo abuso. O psicólogo Henrique Costa Brojato observa que crianças podem reproduzir o comportamento do abusador em outras crianças.
Sinais Físicos
Marcas físicas, como lesões e hematomas nas áreas genitais, são evidências claras de abuso sexual. Casos de gravidez na adolescência resultantes de abuso também são comuns. Essas evidências são essenciais para a investigação e intervenção legal.
Negligência
O abuso sexual frequentemente vem acompanhado de outros tipos de maus-tratos, como a negligência. Crianças que passam longos períodos sem supervisão ou sem apoio emocional da família estão em maior risco.
A complexidade do comportamento humano exige uma análise cuidadosa de qualquer mudança nos padrões de comportamento das crianças. Especialistas recomendam a busca por avaliação profissional para determinar se essas mudanças são indicativas de abuso ou fazem parte do desenvolvimento natural. A vigilância e a educação sobre os sinais de abuso são essenciais para a proteção das crianças.
ESTATÍSTICAS
Segundo a Organização Mundial da Saúde (PMS), dos 204 milhões de crianças com menos de 18 anos, 9,6% sofrem exploração sexual, 22,9% são vítimas de abuso físico e 29,1% têm danos emocionais. Os dados mostram que, a cada 24 horas, 320 crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil – no entanto, esse número pode ser ainda maior, já que apenas 7 em cada 100 casos são denunciados. O estudo ainda esclarece que 75% das vítimas são meninas e, em sua maioria, negras.
VIOLÊNCIA SEXUAL
A violência sexual pode ocorrer tanto por meio do abuso sexual dentro e fora da família como da exploração sexual. Crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, por estarem vulneráveis, se tornam mercadorias e assim são utilizadas nas modalidades de exploração sexual como: tráfico, pornografia, contexto da prostituição e exploração sexual no turismo.
PASSEATA
Em Poços de Caldas, será realizada, na sexta-feira, 17 de maio, uma passeata referente ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. A concentração será no Coreto da Praça Pedro Sanches, a partir das 13h, com a participação da Banda Marcial da Escola Municipal Edir Frayha.
A passeata segue pelas ruas Francisco Salles e Assis Figueiredo, até a esquina da rua Prefeito Chagas, e retorna à Praça Pedro Sanches. Durante o percurso haverá panfletagem.
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DIA NACIONAL
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes é 18 de maio porque nessa data, no ano de 1973, na cidade de Vitória/ES, a criança Araceli Cabrera, de apenas 8 anos, foi encontrada morta com sinais de violência física e sexual. Mesmo com o trágico aparecimento de seu corpo em uma movimentada rua da capital do Espírito Santo, os criminosos ficaram impunes. Este acontecimento chocou o país e despertou diversas discussões sobre como proteger as crianças das situações de abuso sexual.
A passeata, que em Poços será realizada no dia 17, integra a campanha “Maio Laranja”, que tem como pilares a conscientização, a prevenção, a orientação, o combate à violência sexual e, especialmente, colocar o fenômeno na pauta do dia, tirando o problema da invisibilidade. O objetivo é conscientizar a comunidade e evitar que crianças e adolescentes sejam vítimas de violência sexual.
Assista a entrevista com Ana Lobo na íntegra:
COMO DENUNCIAR:
CONSELHO TUTELAR
Telefone: 3697-2185 e 3712-0726
DISQUE 100 (ligação gratuita)
Denúncias anônimas podem ser feitas também pelo DISQUE 100, que funciona 24 horas, inclusive aos finais de semana e feriados.
DISQUE 190
Em caso de emergência, acione a Polícia Militar imediatamente pelo telefone 190!
Serviço:
Passeata – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes
Data: 17 de maio – sábado
Horário: 13h
Local: saída do Coreto da Praça Pedro Sanches
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