Vereadores cobram afastamento de diretor do DMAE durante sessão na Câmara
Atualizado em 05/11/2025
Parlamentares citam suspeitas de irregularidades e desvio de recursos; Paulinho Courominas nega envolvimento e diz estar à disposição para esclarecimentos
Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Poços de Caldas, realizada na noite de terça-feira (4), o diretor-presidente do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), Paulo César Silva, conhecido como Paulinho Courominas, utilizou a tribuna popular para falar sobre as denúncias que envolvem a autarquia.
O diretor levou ao plenário uma apresentação com 81 slides, destacando o crescimento do DMAE nos últimos anos. Como o tempo de fala era limitado a dez minutos, ele exibiu apenas um vídeo institucional e afirmou que estava à disposição dos vereadores para esclarecimentos.
Grupo de vereadores defende afastamento temporário
Um grupo formado por dez vereadores voltou a defender o afastamento temporário de Paulo César Silva do cargo. O pedido, segundo os parlamentares, tem o objetivo de garantir isenção nas investigações sobre possíveis irregularidades dentro do DMAE.
Assinaram o pedido os vereadores Tiago Braz (Rede), Flavinho (MDB), Tiago Mafra (PT), Diney Lenon (PT), Douglas Dofu (União), Pastora Mel (União), Neno (PRD), Marcos Sansão (PL), Aliff Jimenes (PL) e Ricardo Sabino (PL).
O vereador Tiago Braz, que falou em nome do grupo, afirmou que há indícios de falhas de gestão, excesso de horas extras não autorizadas, irregularidades em licitações, denúncias de assédio moral e um desvio de cerca de R$ 4 milhões. Segundo ele, a quantia não poderia ser atribuída apenas a uma servidora, como foi divulgado inicialmente.
Braz também afirmou que há desgaste na administração do DMAE, com falta de apoio entre os próprios servidores. Questionado pelos vereadores, Paulo César Silva declarou não ver motivo para se afastar do cargo.
Diney Lenon pede sindicância sobre chefias e cita possível prevaricação
O vereador Diney Lenon (PT) defendeu que as investigações incluam também as chefias que autorizaram o pagamento de horas extras consideradas irregulares. Ele destacou que o caso não deve se limitar ao servidor apontado pela sindicância.
“Não apenas o servidor deve ser investigado, mas também os responsáveis pelas autorizações desses pagamentos”, afirmou o parlamentar.
Diney acrescentou ainda que o diretor do DMAE, Paulo César Silva, pode ser denunciado por prevaricação, caso não adote medidas diante das irregularidades relatadas.
Questionamentos sobre chefias e situação financeira
O vereador Tiago Mafra (PT) perguntou se a chefia que autorizou as horas extras era a mesma da servidora condenada pelo desvio de R$ 3,5 milhões. O diretor confirmou que sim.
Já a vereadora Pastora Mel (União) fez questionamentos sobre a transparência da gestão e afirmou que o diretor utilizou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para negar informações solicitadas pela Câmara Municipal, o que dificultou o trabalho de fiscalização.
Durante sua fala, Mel apresentou um e-mail enviado ao diretor em dezembro de 2023, que tratava da situação financeira da autarquia. O documento apontava que o DMAE ultrapassou o limite prudencial de gastos com pessoal, atingindo 53,04%, acima do limite legal de 51,3%.
O e-mail também informava que o superávit de R$ 2,1 milhões registrado em dezembro seria revertido em resultado negativo, caso o pagamento de R$ 2,48 milhões em faturas atrasadas ao DME tivesse ocorrido dentro do exercício de 2023.
A vereadora ainda questionou o aumento nos valores recebidos mensalmente por três servidores da autarquia durante a gestão de Paulinho Courominas.
Servidores protestam no plenário
Durante a fala de Paulinho Courominas, representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Poços de Caldas (Sindserv) se manifestaram nas galerias da Câmara. Os servidores reagiram às declarações do diretor, demonstrando insatisfação com a condução das denúncias dentro do DMAE.
Acompanhamento das investigações
Ao final da sessão, os dez vereadores reafirmaram o pedido de afastamento do diretor até a conclusão das apurações. O grupo entende que a medida é necessária para garantir transparência e independência no processo investigativo.
Paulo César Silva permanece à frente do DMAE e afirma estar tranquilo e disposto a colaborar com todas as investigações.
Assista à sessão ordinária da Câmara municipal de Poços de Caldas na íntegra:
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Comentário (1)
Parabéns srs. vereadores. Vamos vasculhar e se necessário corrigir os vícios, caso hajam. Se necessário colocar um novo executivo. Sr. Paulo está neste cargo desde 2019. Meu sentimento é que o DMAE precisa de ser mais ágil e eficiente . As concessões feitas em grandes cidades mostram essa tendência nessas empresas públicas . Essa é uma outra discussão mas no momento uma análise da eficiência da empresa, encontro de contas e análise de principais motivos de endividamento é fundamental