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Terras raras: MP apura licenciamento ambiental em Poços de Caldas

Atualizado em 08/09/2025

 

Autorização permite instalação de laboratório em Poços de Caldas, mas promotoria questiona possível fragmentação de licenças ambientais

Área de extração de terras raras na região da caldeira vulcânica de Poços de Caldas — Foto: Divulgação / Meteoric Resources

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu investigação para apurar os pedidos de licenciamento ambiental ligados à exploração de terras raras na região de Poços de Caldas. A promotoria suspeita de que pode ter ocorrido fragmentação do processo de licenciamento, prática proibida pela legislação ambiental.

Denúncia partiu de grupo ambientalista

A denúncia foi apresentada pelo grupo Aliança em Prol da APA da Pedra Branca, de Caldas (MG). A entidade apontou a existência de dois pedidos de licença: um da mineradora australiana Meteoric, para instalação de uma planta piloto em Poços de Caldas, e outro da empresa Monte Carmelo, para abertura de uma cava em Caldas.

Segundo o presidente da Aliança, Daniel Tygel, a divisão das licenças levanta dúvidas sobre a regularidade do processo.

“O conceito de empreendimento minerário compreende extração, transporte, beneficiamento e deposição de rejeitos. Por que dividir? Precisamos que tudo aconteça dentro da legalidade e com respeito ao meio ambiente”, afirmou.

Inquérito civil

Em 20 de julho, o MP converteu a denúncia em inquérito civil, afirmando haver fortes indícios de que a separação entre as etapas de extração e beneficiamento compromete a análise completa dos impactos ambientais.

Licença inédita para laboratório em Poços

Apesar da investigação, em agosto a Meteoric obteve da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), por meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), licença inédita no estado para instalar uma planta piloto em Poços de Caldas.

A autorização tem validade de 10 anos e permite a construção de um laboratório experimental, voltado a processar em pequena escala o carbonato de terras raras. A mineradora afirma que o objetivo é apenas testar e calibrar processos antes da implantação de uma planta definitiva em Caldas.

De acordo com o diretor de sustentabilidade da empresa, Eder Santo, a fase experimental servirá também para comprovar a qualidade dos minérios a potenciais clientes estrangeiros:

“A gente pretende mostrar capacidade técnica, capacitar pessoas e fornecer carbonato de terras raras para potenciais clientes fora do Brasil a partir de 2028.”

Estratégia para futuro da exploração

Inicialmente, o laboratório trabalhará com amostras já coletadas em estudos anteriores. No entanto, a Meteoric admite que poderá precisar de nova matéria-prima, a ser extraída de uma cava experimental em Caldas, sob responsabilidade da Monte Carmelo. Essa duplicidade de processos motivou a denúncia recebida pelo MP.

A Meteoric declarou que prestará todos os esclarecimentos necessários:

“Queremos, de forma transparente, deixar claro os objetivos de cada projeto e os motivos para o licenciamento separado”, disse Santo.

Uma das maiores jazidas do mundo

A cratera de Poços de Caldas, também conhecida como Planalto de Poços de Caldas, é considerada uma das maiores jazidas de terras raras do planeta. Com cerca de 800 km², a formação geológica se estende por Poços de Caldas, Caldas, Andradas e Águas da Prata (SP).

Segundo o geólogo Álvaro Fochi, responsável pela descoberta nos anos 2010, a jazida pode gerar 300 milhões de toneladas e suprir até 20% da demanda global.

Nos últimos dois anos, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu mais de 100 pedidos de pesquisa na região, equivalente a um terço de todas as autorizações de exploração desses minérios em Minas Gerais no período.

 

Fonte: Com informações de G1.

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