Polícia Civil prende ex-servidor de confiança da Prefeitura em operação contra esquema milionário no Distrito Industrial
Atualizado em 13/08/2025
Operação Castelo de Cartas apontou cobrança de até R$ 1,8 milhão para agilizar doações no Distrito Industrial; filha do investigado também foi presa e polícia apura lavagem de dinheiro
A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu, nesta quarta-feira (13), Hugo Ribeiro do Rego, ex-servidor de confiança da Prefeitura de Poços de Caldas durante os dois mandatos do ex-prefeito Sérgio Azevedo, acusado de comandar um esquema de corrupção passiva, estelionato, uso de documento falso e associação criminosa envolvendo a suposta venda de terrenos no Distrito Industrial.

A ação, batizada de Operação Castelo de Cartas, também resultou na prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, de sua filha, de 26 anos. As prisões foram acompanhadas do cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão no bairro Jardim Vitória, onde os dois residiam.
Esquema milionário
De acordo com o delegado Clayson Rodrigo Brene, a investigação começou no início deste ano após denúncia formal da Procuradoria do Município. Hugo teria se aproveitado da credibilidade do cargo que ocupava — passando pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação (Sedet), pela Secretaria de Comunicação e, mais recentemente, como diretor na Secretaria de Turismo — para abordar empresários interessados em terrenos no Distrito Industrial.
Segundo a polícia, ele exigia pagamentos de contrapartida que variavam entre R$ 100 mil e R$ 1,8 milhão, supostamente para agilizar a doação dos lotes. Os valores eram pagos via Pix para contas da filha ou do próprio investigado, além de cheques. Para manter as vítimas no golpe, Hugo apresentava atas falsas com timbre e formato idênticos aos documentos oficiais, simulando que os processos estavam em andamento.
Até o momento, três empresas — dos ramos de construção e mineração — foram identificadas como vítimas, com pagamentos de R$ 100 mil, R$ 250 mil e R$ 1,8 milhão. Parte do dinheiro, segundo a polícia, foi usada para custear obras particulares e abrir empresas em nome da filha, incluindo uma choperia na cidade.
Possível rede criminosa e lavagem de dinheiro
As investigações apontam que Hugo continuou a atuar mesmo após deixar a Sedet, em 2023, mantendo influência sobre o processo de doação de terrenos. A Polícia Civil não descarta a existência de outros envolvidos e apura indícios de lavagem de dinheiro, por meio da utilização de pessoas jurídicas para ocultar a origem ilícita dos valores.
De acordo com o delegado, novas vítimas podem surgir com a divulgação das imagens do investigado, já que algumas empresas não procuraram a polícia por medo de represálias. O golpe teria ocorrido entre 2022 e 2024, e Hugo deixou a Prefeitura em 31 de dezembro do ano passado. Somadas, as penas previstas para os crimes investigados podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Nota da Prefeitura
“O Município de Poços de Caldas informa que tem conhecimento da prisão, ocorrida nesta terça-feira, 13 de agosto de 2025, de um ex-agente público. Esclarece que, a partir de denúncias apresentadas por empresa eventualmente prejudicada, adotou imediatamente as providências cabíveis, acompanhando a situação junto às autoridades competentes.
Ressalta-se que os fatos ocorreram à revelia do conhecimento interno e sem qualquer participação ou anuência da Administração Municipal.
A Prefeitura reafirma seu compromisso com a legalidade, a ética e a transparência na gestão pública, e permanece à disposição para colaborar com as investigações em curso.”
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Comentário (1)
O texto “ex-servidor de confiança da Prefeitura de Poços de Caldas durante os dois mandatos do ex-prefeito Sérgio Azevedo” quer insinuar alguma coisa???