Parto raro de gêmeas é realizado com sucesso na Santa Casa de Poços de Caldas
Atualizado em 30/12/2025
A Santa Casa de Poços de Caldas realizou, recentemente, um parto considerado raro na prática obstétrica: o nascimento de gêmeas por parto normal em uma gestação gemelar monocoriônica diamniótica. As bebês nasceram com apenas 10 minutos de diferença, sem intercorrências, em um procedimento conduzido com segurança pela equipe da Maternidade.
As gêmeas Agnes e Lilian nasceram com 36 semanas de gestação. A mãe, Flávia Gabriela Rodofi Negrini Ferreira, de 23 anos, e o pai, André Luiz Ferreira Teixeira, de 25, acompanharam todo o processo sob os cuidados da equipe de plantão, com acompanhamento da ginecologista e obstetra Dra. Júlia Viana.
Caso pouco frequente na obstetrícia
De acordo com a Dra. Júlia, o parto chama a atenção por reunir condições específicas que tornam o procedimento incomum.
“É um parto raro por vários fatores. Trata-se de uma gestação gemelar monocoriônica diamniótica, ou seja, uma placenta compartilhada e duas bolsas amnióticas. Para que o parto vaginal seja possível, é necessário que os dois bebês estejam cefálicos, de cabecinha para baixo, o que ocorreu nesse caso”, explica.
Indução planejada e condução humanizada
A indução do parto foi eletiva e definida após diálogo entre a paciente, a médica e a equipe da Santa Casa. Flávia já havia vivenciado um parto vaginal anterior, o que também contribuiu para a decisão clínica.
“Utilizamos dois comprimidos de misoprostol via vaginal. Após a indução, a bolsa rompeu espontaneamente e as contrações se iniciaram rapidamente. Não houve necessidade do uso de ocitocina, respeitando o desejo da paciente por uma condução mais natural e expectante”, detalha a obstetra.
A indução teve início por volta das 9h. Agnes nasceu às 17h38 e Lilian às 17h49, em um intervalo de apenas 10 minutos, sem complicações durante o procedimento.
“A força de vontade da Flávia foi fundamental. Ela teve paciência e contou com uma equipe preparada e muito envolvida. Todos estavam aguardando esse parto”, reforça a médica.
Segurança técnica e decisão compartilhada
Segundo a Dra. Júlia, cada tipo de gestação gemelar exige avaliação criteriosa. Em casos de gestação monocoriônica monoamniótica, por exemplo, a recomendação costuma ser a interrupção mais precoce, geralmente por cesariana, em torno de 34 semanas.
“No caso da Flávia, como era uma gestação monocoriônica diamniótica, com duas bolsas e os dois bebês cefálicos, não havia contraindicação para o parto normal. Isso permitiu uma condução segura”, afirma.
Experiência da mãe
Flávia relata que o desejo pelo parto normal existia desde o início da gestação.
“Desde que descobri que eram gêmeas, eu queria essa possibilidade. Conversei muito com a médica, ela explicou todos os riscos. Se fosse preciso cesárea, tudo bem, mas não era a minha primeira opção”, conta.
Apesar da ansiedade natural, o parto foi mais rápido do que ela imaginava.
“Eu não imaginava que fosse tão rápido. A tentativa vem muito da gente, de manter a calma, de respirar. Na hora da dor a gente até questiona a escolha, mas quando eles nascem, tudo passa”, relata.
Ela também destaca o atendimento recebido na Santa Casa.
“Não tenho do que reclamar. Foi assim com meu primeiro filho e foi assim com elas também. Toda a equipe foi ótima.”
Durante a gestação, uma das bebês chegou a apresentar mudanças de posição, o que gerou apreensão.
“A Agnes sempre foi cefálica, mas a Lilian já ficou sentada e até transversal. Quando ela virou, com 32 semanas, a médica disse que não havia mais contraindicação, que dependia apenas da minha vontade”, relembra.
Recuperação e realização
No pós-parto, Flávia afirma estar tranquila e segura da escolha feita.
“O parto normal dá medo, principalmente por falta de informação. Mas o pós-parto é muito tranquilo. Passou, acabou. Em poucos dias a gente já está bem. Foi um sonho que se tornou realidade, com o apoio do meu marido e da equipe”, finaliza.
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