Ordem do Dia 27/08/25
Atualizado em 27/08/2025
Novas pesquisas Quaest divulgam números a serem considerados.
Cerca de 55% da população seriam favoráveis à prisão domiciliar de Bolsonaro. Já 39% dizem que a prisão seria injusta.
O que importa, nesse caso, seria o número negativo, que implica em clara divisão da população, com um agravante: cerca de 40% dos brasileiros questionam, institucionalmente, o Poder Judiciário.
Aqui não se trata se há ou não provas, leis ou teorias jurídicas que sustentam a prisão do ex-presidente. O que estaria em pauta seria a legitimidade do Judiciário, seriamente abalada diante desses números.
Legitimidade das instituições seria o que garante a estabilidade do sistema político.
O conceito de legitimidade passa pela aceitação da atuação institucional, sem resistência civil. Sem a necessidade da coerção estatal, segundo os magistérios de Gramsci e de seu principal intérprete, Luciano Gruppi (“O conceito de hegemonia em Gramsci”).
As suspeitas, indícios e provas sobre o réu Bolsonaro dispensam comentários. Desde quando era militar, sua conduta já era turbulenta e golpista, o que o levou a um processo na Justiça Militar e a uma baixa desonrosa.
Então como se explica tamanha suspicácia sobre o Judiciário, especialmente sobre o STF?
Pelas mesmas razões que contaminam Bolsonaro: em virtude de indícios deletérios e de uma conduta moral duvidosa e recorrente.
O que nos lembra do adágio latino: “à mulher de César não basta ser honesta. Deve parecer honesta”.
As suspeitas, no caso, se abatem tanto sobre julgadores quanto sobre julgados.
O último episódio envolvendo Toffoli, afastado dos processos sobre o INSS pela presidência do STF, a pedido da PGR, seria um exemplo definitivo. A macular um ministro do STF. Mais ainda.
A conduta espetaculosa de Gilmar Mendes, inclusive em nível internacional, nunca ajudou. A triste memória de Lewandovsky (o “engavetador” do Mensalão e o “quebra galho” de Dilma, no impeachment), tampouco. Os excessos de Xandão, apesar de supostamente heróicos, geram reclamações.
Não se deve esquecer da tentativa espúria de Carmem Lúcia, ao apresentar um título fraudulento de doutorado, em seu currículo.
O que nos lembra de outro adágio, esse popular: “o sujo falando do mal lavado”. As sujidades políticas, morais e jurídicas atingem todos os envolvidos nesse processo.
Talvez só escapem os advogados, que apenas fazem seu trabalho. Os demais despertam suspeitas.
Seria o que ocorre nesse julgamento, tão necessário à normalidade política no Brasil. Mas as sujeiras são muitas.
Haja lavadeiras, alvejantes e muita bateção de roupa suja.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com

Deixe um comentário