Atualizado em 13/08/2025

O crime de trânsito, ocorrido em BH, poderia ser apenas mais um. Entretanto, revela o perfil de uma época.

Um homem, casado com uma delegada de polícia, usou a arma da mulher para matar um gari que estava trabalhando.

O crime seguiu-se a uma discussão com a motorista do caminhão de lixo. O gari, segundo testemunhas, tentava acalmar o homem. Levou um tiro e morreu.

Horas depois, o suposto assassino foi preso em uma academia. Placidamente, fazendo exercícios, como se nada houvera acontecido.

Entretanto, o que diferencia esse crime de outros semelhantes seria o perfil do homem.

Ele se apresenta, nas redes sociais, como “cristão, marido, pai e patriota”. Escrito em inglês. Pode?

Disse ser CEO de uma empresa, que alegou ser mentira.

Difícil imaginar um quádruplo fracasso como esse: cometeu um pecado mortal, segundo o cristianismo, comprometeu a mulher delegada, que responde na corregedoria de polícia pelo mal uso da arma, problematizou sua paternidade e assassinou um compatriota, servidor público com atividade relevante, em horário de trabalho.

Vai ser processado em português mesmo.

Se condenado, cumprirá pena em uma penitenciária brasileira, onde se fala um mau português. Sofrível, na verdade.

Mais um “patriota”, delinquente, provavelmente de extrema direita, dá prova de seus maus bofes.

Ao estilo Carla Zambelli, Roberto Jefferson, et caterva.

É disso que falamos.

O novo perfil dominante é dado a tragédias.

Moduladas por grande estupidez.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com