Lixo: vereador Tiago Mafra denuncia balança de R$ 234 mil construída e abandonada
Atualizado em 11/11/2025
Sem balança, cidade paga milhões por coleta de lixo sem saber o peso real do que é transportado, expondo falhas graves na gestão de resíduos
Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Poços de Caldas nesta terça-feira (11), o vereador Tiago Mafra (PT) denunciou o abandono de uma balança rodoviária avaliada em R$ 234 mil, construída para pesar o lixo do município antes do transporte até Casa Branca (SP). Segundo o parlamentar, o equipamento nunca chegou a funcionar, mesmo após o encerramento do contrato de construção.
Contrato milionário sem controle
De acordo com o vereador, a Prefeitura de Poços de Caldas mantém um contrato superior a R$ 7 milhões por ano para o transporte de resíduos sólidos, sem exercer o controle contratual obrigatório. O caso é detalhado no Requerimento nº 3800/2025, protocolado por Tiago Mafra e aprovado pelo plenário da Câmara.
O documento aponta que, desde 2022, o lixo é transportado sem pesagem local, contrariando o Contrato nº 194/2022, que determina medições quantitativas por meio de balanças aferidas pelo Inmetro — uma em Poços de Caldas e outra no destino final, em Casa Branca.
A balança da estação de transbordo da Fazenda Campo Brígida, que deveria realizar a medição antes do envio dos resíduos, nunca entrou em operação.
“O lixo deixado diariamente em Casa Branca segue com apenas uma pesagem. O contrato exige duas, e, havendo divergências, vale o menor peso. Hoje não temos nenhuma capacidade de contraposição”, afirmou Mafra.
Para corrigir o problema, a Prefeitura firmou o Contrato nº 477/2023, no valor de R$ 234.589,79, destinado à construção da nova balança e de um prédio administrativo no transbordo municipal. O contrato teve vigência até 21 de dezembro de 2024 e, apesar do investimento público, o equipamento segue inativo.
O requerimento apresentado questiona se a obra foi de fato recebida pela administração e, em caso positivo, por que a balança permanece fora de uso, mesmo após o encerramento do contrato e o gasto de mais de duzentos mil reais.
Servidor viaja 80 km por dia para acompanhar pesagem
A situação gera ainda gastos adicionais aos cofres públicos. Conforme revelou o vereador, um servidor municipal é deslocado diariamente até Casa Branca, distante cerca de 80 quilômetros, para acompanhar a pesagem do lixo na unidade de tratamento de resíduos. O deslocamento é feito em veículo oficial, com combustível e horas de trabalho pagos pelo contribuinte.
“É inacreditável que, em pleno 2025, a Prefeitura continue descumprindo contratos que ela mesma assinou, gastando milhões sem o devido controle e ainda criando despesas extras para tapar buracos de sua própria incapacidade administrativa”, criticou Mafra. “É um cenário de completo desrespeito ao contribuinte e à legalidade.”
Pedido aprovado por unanimidade
O Requerimento nº 3800/2025 foi aprovado por unanimidade — 12 votos favoráveis, com ausência dos vereadores Álvaro Cagnani e Kleber Silva. O documento solicita informações detalhadas à Prefeitura sobre:
- prazo para regularização do funcionamento da balança;
- método alternativo de medição atualmente adotado;
- justificativas para a ausência de pesagem local;
- comprovação dos pagamentos feitos à empresa contratada;
- e custos totais com o envio diário do servidor a Casa Branca desde 2022.
O vereador concluiu afirmando que o caso revela a falta de transparência e de eficiência na gestão dos resíduos sólidos em Poços de Caldas, e que o Legislativo continuará acompanhando o tema para garantir responsabilidade no uso dos recursos públicos.
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Comentário (1)
Viva a iniciativa privada. Uma situação dessas não passaria desapercebida e os responsáveis demitidos. Isso precisa ser apurado e os responsáveis penalizados.