Comunidade se mobiliza e pressiona Prefeitura a desistir de turmas multisseriadas na zona rural de Poços de Caldas
Atualizado em 21/11/2025

Moradores do bairro Souza Lima e de outras localidades rurais de Poços de Caldas se reuniram no início da noite de quarta-feira (19), na Escola Municipal Professora Carmélia de Castro, para protestar contra a proposta da Secretaria Municipal de Educação de implementar turmas multisseriadas na unidade. O encontro atraiu mais de 50 pessoas e contou com a presença de vereadores e representantes da imprensa local.
Mobilização começou após manifesto que viralizou
A mobilização ganhou força após a circulação, em redes sociais, de um texto assinado por moradoras e lideranças comunitárias intitulado “Indignação! A educação da nossa zona rural não pode andar para trás!”. O manifesto criticava a ideia de reunir alunos de séries distintas em uma mesma sala, afirmando que a medida prejudicaria o aprendizado, sobrecarregaria professores e violaria o direito das crianças da zona rural a uma educação de qualidade equivalente à oferecida na área urbana.
Secretaria recua parcialmente, mas comunidade mantém protestos
Diante da repercussão, a Secretaria Municipal de Educação divulgou nota pública defendendo a multisseriação como prática reconhecida internacionalmente para regiões com baixa densidade demográfica. A pasta afirmou que a proposta havia sido motivada pelo número reduzido de alunos em algumas turmas da Escola Carmélia de Castro e informou que a mudança estava “temporariamente suspensa” até que um debate mais amplo fosse realizado ao longo de 2026.
Mesmo assim, moradores afirmaram que houve tentativas de desmobilizar a reunião marcada para o dia 19. A comunidade decidiu manter o encontro e avançar com um abaixo-assinado cobrando da Secretaria um compromisso formal, por escrito, de que a proposta será definitivamente descartada — e não apenas suspensa.
Vereadores participam e reagem à proposta
O encontro reuniu os vereadores Lucas Arruda (líder do Governo), Kléber Silva (base governista), Neno Gouveia, Douglas Dofu (presidente da Câmara) e Tiago Mafra (oposição). A vereadora Pastora Mel enviou um representante.
Parlamentares da base governista adotaram um tom conciliador. Lucas Arruda, Kleber Silva e Neno Gouveia declararam apoio à comunidade, fizeram críticas moderadas à Secretaria e afirmaram que o prefeito Paulo Ney não teria conhecimento prévio da decisão. Eles se comprometeram a interceder junto ao Executivo pela manutenção das turmas como estão hoje.
O presidente da Câmara, Douglas Dofu, também criticou a falta de diálogo da Administração com a comunidade rural antes do anúncio da mudança.
Já o vereador Tiago Mafra, professor e ex-diretor escolar, adotou postura mais dura. Ele contestou os argumentos técnicos apresentados pela Secretaria e classificou a proposta como anacrônica, afirmando que as justificativas divulgadas eram “desonestas”. Para Mafra, a medida seria uma tentativa de reduzir gastos em meio à crise financeira enfrentada pela Prefeitura. Sua fala foi fortemente aplaudida pelos presentes.
Comunidade quer compromisso definitivo
Ao final da reunião, os moradores reafirmaram que não aceitarão retrocessos na Escola Carmélia de Castro e que manterão a mobilização até receberem da Secretaria de Educação um documento formal que descarte em definitivo a implementação de turmas multisseriadas na unidade.
O abaixo-assinado será encaminhado às autoridades municipais nos próximos dias, acompanhado do pedido de que qualquer discussão futura sobre a escola seja conduzida com transparência, participação da comunidade e garantia de que o direito das crianças rurais a uma educação de qualidade não seja comprometido por ajustes orçamentários.
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