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Casos de doença que pode provocar malformações fetais e abortos mais que quadruplicam em MG

Atualizado em 26/12/2025

 

Mosquito-pólvora. Foto: Fiocruz.

Febre Oropouche teve alta de 387% entre 2024 e 2025; episódios graves podem representar risco às gestantes, com efeitos semelhantes aos do Zika vírus

Os casos de febre Oropouche aumentaram 387% em Minas Gerais entre 2024 e 2025. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) indicam que, até 16 de dezembro, foram confirmados 1.467 diagnósticos da doença no estado — número quase cinco vezes maior que o total registrado em todo o ano passado, quando houve 301 casos. Diante do avanço, a pasta estadual intensificou ações de monitoramento e enfrentamento.

O crescimento também é observado em outras regiões do país. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil contabilizou 11.805 casos no primeiro semestre, com cinco óbitos — um no Espírito Santo e quatro no Rio de Janeiro. Até o momento, não há registros de mortes pela doença em Minas Gerais.

Ações de vigilância e enfrentamento

Em nota, a SES-MG informou que está em curso uma avaliação do cenário epidemiológico, em conjunto com as Unidades Regionais de Saúde, para definir estratégias específicas de combate à febre Oropouche. Entre as medidas adotadas estão a implementação da vigilância sentinela para detecção precoce de casos e o monitoramento contínuo de notificações suspeitas e confirmadas.

A secretaria também realiza visitas técnicas a municípios com registros da doença, promove o mapeamento de possíveis focos de transmissão e emite orientações sobre medidas de contenção. As ações incluem ainda capacitação de profissionais de saúde, fortalecimento da vigilância e divulgação periódica de alertas e informes epidemiológicos.

O que é a febre Oropouche

Identificada pela primeira vez no Brasil em 1960, a febre Oropouche é causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus. Desde então, casos isolados e surtos vêm sendo registrados, principalmente na região amazônica, considerada endêmica. A transmissão ocorre principalmente por meio do mosquito-pólvora, também conhecido como maruim.

Os sintomas são semelhantes aos da dengue e incluem dor de cabeça intensa, dores musculares, náusea e diarreia. De acordo com o médico Mariano Fagundes, professor de Saúde Coletiva e Clínica Médica na UnifipMoc Afya, a semelhança entre as doenças faz com que muitos diagnósticos de Oropouche ocorram apenas após o resultado negativo para dengue, quando se recorre ao exame PCR para arboviroses.

“Na ausência de antivirais específicos, o manejo hospitalar recai sobre o tratamento de suporte, com uso de medicações vasoativas, suporte respiratório e profilaxia para tromboembolismo, a fim de melhorar a sobrevida dos pacientes”, explica o especialista.

Risco às grávidas

Embora raros, casos graves da doença podem evoluir para meningite, encefalite, miocardite e complicações hepáticas, além de quadros crônicos que se estendem por mais de um mês. Há ainda o risco de malformações fetais e abortos, com efeitos semelhantes aos observados na infecção pelo vírus Zika, o que exige atenção redobrada às gestantes.

Entre as recomendações estão o uso de repelentes à base de icaridina e o isolamento leve de pacientes sintomáticos, medidas que complementam o controle vetorial contra o Aedes aegypti e outras espécies, como o maruim.

Para a nutróloga Juliana Couto, da Afya Educação Médica de Montes Claros, a nutrição tem papel importante no fortalecimento do organismo.

“Episódios repetidos de diarreia e inflamação intestinal aumentam a permeabilidade da mucosa, favorecendo sensibilizações a proteínas de alimentos comuns e ampliando o risco de alergias”, afirma. Ela recomenda dietas leves, ricas em vitamina C, zinco, ferro e probióticos naturais para auxiliar na recuperação da flora intestinal.

Ministério da Saúde testa inseticida

O Ministério da Saúde informou que tem reforçado o monitoramento dos casos de Oropouche por meio de reuniões periódicas e visitas técnicas aos estados, com foco na notificação, investigação e encerramento de casos, além da divulgação de orientações de vigilância e prevenção.

Em parceria com a Fiocruz e a Embrapa, a pasta também conduz estudos sobre o uso de inseticidas para o controle do vetor. Segundo o ministério, os resultados preliminares são considerados promissores e podem subsidiar estratégias de enfrentamento da doença, especialmente durante surtos.

Como ocorre a transmissão

A transmissão do vírus Oropouche acontece principalmente por meio do maruim ou mosquito-pólvora. Após picar uma pessoa ou animal infectado, o inseto pode transmitir o vírus ao picar uma pessoa saudável.

Existem dois ciclos de transmissão. No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e primatas não humanos atuam como hospedeiros, com possível participação de aves silvestres e roedores. No ciclo urbano, os seres humanos tornam-se os principais hospedeiros, e além do Culicoides paraensis, o mosquito Culex quinquefasciatus, comum em áreas urbanas, também pode atuar como vetor.

Formas de prevenção

  • Utilizar mosquiteiros de malha fina em portas e janelas, com orifícios menores que 1 milímetro;
  • Usar roupas de mangas compridas e calças, especialmente em residências com pessoas doentes;
  • Aplicar repelentes com DEET nas áreas expostas da pele;
  • Evitar atividades ao ar livre no amanhecer e no anoitecer, quando os vetores estão mais ativos;
  • Gestantes devem evitar, sempre que possível, a limpeza de quintais e outras atividades com risco de exposição;
  • Há evidências da presença do vírus em urina e sêmen, mas o potencial de transmissão por esses meios ainda não está esclarecido; por isso, recomenda-se o uso de preservativos;
  • Procurar atendimento médico diante de qualquer sintoma suspeito.

 

Fontes: Com informações de SES-MG e O Tempo.

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