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Brasil inaugura primeiro laboratório de extração de terras raras em Poços de Caldas

Atualizado em 15/12/2025

 

O Brasil passou a contar, a partir desta sexta-feira (12), com o primeiro laboratório de extração e refino de terras raras em operação no país. A estrutura, instalada em Poços de Caldas (MG), pertence à mineradora australiana Meteoric e funciona como planta piloto do Projeto Caldeira, que prevê a exploração mineral em uma área de 193 km² no município de Caldas, no Sul de Minas.

Segundo a empresa, a iniciativa é inédita em território nacional e tem como principal objetivo testar, ajustar e comprovar a eficiência do processo produtivo antes da implantação da planta definitiva de extração.

Minerais estratégicos para novas tecnologias

As terras raras são consideradas minérios estratégicos para setores ligados à transição energética e às novas tecnologias. Esses elementos são utilizados na fabricação de telas de celulares, computadores, equipamentos médicos e odontológicos, além de ímãs permanentes, motores de veículos elétricos e geradores de energia eólica.

Planta piloto e investimento

O laboratório recebeu investimento de aproximadamente US$ 1,5 milhão. Para a sua implantação, a Meteoric obteve a primeira licença ambiental concedida em Minas Gerais para uma planta piloto de extração de terras raras. Já o licenciamento ambiental para a exploração mineral da área em Caldas ainda aguarda votação no Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam).

A estrutura tem capacidade para processar até 500 quilos de carbonato misto de terras raras por ano — um concentrado inicial obtido do minério —, volume considerado pequeno se comparado às cerca de 18 mil toneladas anuais previstas para a futura mina do Projeto Caldeira.

Testes e ajustes do processo produtivo

Foto: Reuters.

O laboratório foi concebido exclusivamente para testes técnicos. A operação prevê o processamento diário de cerca de 600 quilos de argila, resultando em aproximadamente 2 quilos de carbonato misto, com teor médio de 53% de óxidos de terras raras. Todo o material utilizado virá de amostras já coletadas durante a fase de pesquisa mineral da área.

De acordo com o diretor executivo da Meteoric, Marcelo Juliano de Carvalho, a planta piloto permitirá a calibração completa do processo industrial.

“A planta piloto serve para ajustar o processo, otimizar a recuperação de reagentes e da água, que não é descartada no meio ambiente. Tudo é recuperado dentro do circuito. Vamos testar isso continuamente para chegar a um projeto otimizado em escala real”, afirmou.

Monitoramento de segurança radioativa

A extração de terras raras pode envolver riscos radiológicos, já que esses minérios costumam estar associados a elementos como urânio e tório. Por esse motivo, as atividades do laboratório em Poços de Caldas serão acompanhadas pela Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN).

Segundo a Meteoric, testes pilotos realizados anteriormente na Austrália indicaram níveis muito baixos de radioatividade, o que resultou na emissão de certificado negativo pela ANSN. Mesmo assim, o monitoramento será contínuo durante a operação da planta piloto no Brasil.

Licenciamento ambiental segue atrasado

O licenciamento ambiental para a exploração de terras raras pela Meteoric, em Caldas, e pela Viridis, em Poços de Caldas, deveria ter sido analisado pelo Copam em outubro, mas já foi adiado duas vezes.

O primeiro adiamento ocorreu após pedidos de vista de conselheiros, em meio à pressão popular e política por mais esclarecimentos. O segundo foi motivado por recomendação do Ministério Público Federal, que solicitou esclarecimentos adicionais sobre os impactos ambientais e a segurança dos projetos para comunidades do entorno.

Para a direção da Meteoric, os atrasos fazem parte do processo normal de implantação de empreendimentos minerários no país.

“Entendemos que é um processo justo, porque são projetos grandes e pouco conhecidos pela comunidade. Os questionamentos do Ministério Público Federal já foram respondidos tecnicamente com laudos, e o processo deve voltar à pauta do Copam”, disse Carvalho.

Cratera de Poços de Caldas concentra grande jazida

A chamada Cratera ou Planalto de Poços de Caldas é considerada uma das maiores jazidas de terras raras do mundo. Com cerca de 800 km², a área abrange os municípios de Poços de Caldas, Andradas e Caldas, em Minas Gerais, além de Águas da Prata, no interior de São Paulo.

De acordo com o geólogo Álvaro Fochi, responsável pela identificação da jazida no início dos anos 2010, a região pode concentrar até 300 milhões de toneladas de terras raras, com potencial para suprir cerca de 20% da demanda global desses minérios.

Atualmente, duas empresas australianas estão em fase avançada de licenciamento para explorar essas reservas. Apenas em 2023 e 2024, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu mais de cem pedidos de pesquisa de terras raras na cratera e no seu entorno, o que representa cerca de um terço de todas as autorizações concedidas em Minas Gerais nesse período.

 

Fonte: Com informações de G1.

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